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  • Simbologia Grupal

Dinâmicas de grupo a partir de textos de reflexão

Beleza

A Rosa e a Aranha

Uma rosa vangloriava-se da sua beleza que atraía as homenagens de todos os insectos do jardim. Apesar disso, não estava satisfeita, pois queria apenas ser tocada por uma borboleta gentil ou por alguma abelha doirada.

Por isso, chamou uma belíssima aranha e pediu-lhe que tecesse à sua volta uma teia, de maneira a que todos os insectos pequenos que ousassem aproximar-se dela fossem castigados pela sua ousadia.

A aranha disse logo que sim, sabendo que ia ter uma boa oportunidade para capturar insectos em abundância.

Em seguida, pôs-se à obra e em poucos minutos tinha tecido uma teia para satisfação da vontade da rosa.

Esta não tardou em comprazer-se, ao ver aqueles pobrezinhos que tropeçavam ignorantes nos fios da rede. Não se comovia ao vê-los perecer cruelmente, mas saboreava o prazer da vingança, desejando o momento de se ver tocada e beijada pela borboleta e pela abelha.

Mas enganou-se, visto que aqueles insectos, ao aproximar-se dela, avistando com tremor os esqueletos e os restos dos seus companheiros, imediatamente fugiam assustados.

Deste modo, a rosa não conheceu a carícia das borboletas nem o zumbido doirado das borboletas. Passou solitária o restante dos seus dias.

( F. Pontani)

  Com a beleza passa-se o mesmo que com o tempo. Dizia Santo Agostinho: «Que é o tempo? Quando ninguém me pergunta, sei-o; quando mo pergunta, não sei». Como humor disse Émile Zola: «A ciência do belo é uma brincadeira inventada pelos filósofos para grande hilaridade dos artistas».

Ao falarmos de beleza, teremos de distinguir entre o que é subjectivo e o que é objectivo. Quando amamos uma pessoa, consideramo-la bela. Por exemplo, para uma mãe os seus filhos serão sempre muito belos, mesmo que alguns deles não sejam propriamente candidatos a um concurso de beleza. A isto é o que chamamos de beleza subjectiva. Projectamos o nosso amor numa pessoa e ela torna-se bela para nós.

Existem, além disso, os elementos objectivos de beleza: proporção do corpo, aspecto do rosto, maneira de andar. Os concursos de beleza exploram esta beleza. A cultura audiovisual apresenta certas pessoas como modelos para quem quer ser belo, uma beleza que muitas pessoas procuram apaixonadamente possuir.

Estes dois aspectos, o subjectivo e o objectivo, são importantes. Podemos prolongar um pouco mais a nossa reflexão acerca da beleza.

- A beleza que procuro

É, de facto, importante a beleza objectiva. Por isso, convém que cada pessoa saiba valorizar o próprio corpo.

Numa lógica platónica, o corpo é apenas a prisão da alma. Mas esta forma de pensar não coincide com a visão bíblica do corpo. De facto, a pessoa humana é um todo, corpo e espírito. A pessoa é um espírito encarnado, um espírito que se expressa e comunica com o corpo. E o corpo humano deve expressar beleza, bondade, alegria de viver.

Por conseguinte, cada qual deve descobrir o que de belo existe no seu corpo e realçar essa beleza. Além disso, deverá assumir o que objectivamente se pode considerar fealdade: demasiada gordura, proporções menos harmoniosas, algum defeito físico. Deverá também cuidar do seu corpo, mantendo-o belo, seja com uma higiene adequada seja na forma de vestir.

Mas a beleza não se esgota nos aspectos físicos. É preciso dar beleza ao espírito. Esta beleza é feita do melhor de nós próprios, dessa beleza interior que todos possuímos. Temos valores como a simpatia, a alegria, a solidariedade, a amizade, a paz…

Devemos pôr a render as nossas qualidades espirituais. É sabido que todos temos potencialidades, muitas qualidades humanas. O que acontece é que muita gente não as sabe explorar e estas ficam escondidas, à semelhança de um minério que, embora valioso, fica escondido no interior da terra. Dizem os estudiosos que, habitualmente, exploramos apenas cerca de dez por cento das nossas potencialidades positivas.

Por conseguinte, é urgente desenvolver qualidades como, por exemplo: alegria, esperança simpatia, solidariedade, simplicidade, amizade, criatividade, amor, fortaleza, bondade, liberdade, competência, gratuidade, disponibilidade, generosidade, paz… Estamos todos certamente de acordo nisto: são estas as qualidades que nos dão a verdadeira beleza. De facto, elas permanecem e aperfeiçoam-se, mesmo quando aparecem as rugas no rosto e o corpo começa a deteriorar-se com o passar dos anos.

É esta a beleza que cada um de nós deseja para si.

- A beleza que aprecio nas pessoas

A beleza que apreciamos nos outros está além da beleza objectiva. É importante ter olhos para ver essa beleza, pois o essencial é invisível aos olhos. Belas são as pessoas que irradiam paz e alegria.

Em 1997 faleceram duas mulheres que tiveram uma grande cobertura mediática, quer durante a sua vida quer por ocasião do seu funeral. Uma delas era princesa da Inglaterra, jovem e bela: chamava-se Diana, a princesa do povo. A outra, já idosa, era simplesmente uma religiosa de rosto coberto de rusgas, de corpo pequeno e já curvado pelo peso dos anos.

As televisões de todo deram um realce impressionante a estas duas mulheres, manifestando assim que a opinião pública se deixa comover perante quem é realmente belo, pois ambas irradiam bondade. Se a primeira se preocupava particularmente com as crianças vítimas de guerra, sobretudo devido às minas anti-pessoal, a segunda dedicou a sua vida aos abandonados e moribundos de Calcutá e de todo o mundo.

Ninguém resiste a esta beleza que irradia de uma pessoa que é boa, amável, fraterna. É esta a beleza que gostaríamos de ver em todas as pessoas.

Uma outra beleza que apreciamos nos outros é a sua capacidade de se dedicarem desinteressadamente ao serviço dos outros. Quando vemos que alguém realiza uma acção realmente desinteressada, costumamos dizer: «Que bonito!»

As acções que pessoas empenhadas realizam gratuitamente, tendo em vista contribuir para tornarem o mundo melhor, são acções de uma grande beleza humana.

É bela a acção dos jovens voluntários que quiseram ir passar alguns meses a Moçambique, dedicando-se generosa e gratuitamente às populações necessitadas, a fim de as ajudarem a viver uma vida digna de pessoas humanas.

É bela a acção do jovem que, no momento de aflição, correu para dentro de uma casa que ardia, a fim de salvar o seu irmãozinho que dormia.

São belas as acções dos que promovem a justiça, a solidariedade e paz entre os homens.

 

- A beleza que contemplo no mundo  

Contemplo, em primeiro lugar, a beleza do universo. Contemplo a beleza do nascer do sol, do céu estrelado, das paisagens de sonho, da variedade de flores no jardim, da maravilha que é o mundo animal.

Vejo que tudo o que é maravilhoso, quer o microcosmos quer o macrocosmos. É espectacular a maravilha do pequenino átomo e também espectacular o que acontece no imenso universo, tanto assim que a ciência está ainda a tentar descobrir o que existe para além das estrelas e dos planetas. Quando os cientistas nos falam das descobertas que vão fazendo apenas nos apetece dizer: «Como é bela e harmoniosa a Criação!».

O que temos a lamentar é que os homens, por falta de responsabilidade, desrespeitem este planeta azul, poluindo a atmosfera e as águas, ou fazendo desaparecer espécies vegetais e animais.

Contemplo, em segundo lugar, tudo o que os homens vão fazendo para tornar este mundo mais belo.

Referimo-nos ao esforço para criar cidades cada vez mais belas. Recentemente, foi valorizado o esforço feito na construção da última grande exposição mundial, realizada em Lisboa no ano de 1998. Por esta altura uma zona da capital que era muito feia tornou-se num verdadeiro jardim de delícias, que maravilhou milhares de pessoas.

Referimo-nos ainda ao trabalho de todos os homens que, cada qual na sua profissão, fazem algo para que a agricultura dê o pão de cada dia, o comércio funcione bem, a indústria produza tudo aquilo de que necessitamos para viver dignamente e os serviços sejam mesmo um serviço aos cidadãos.

Tudo isto é belo e contribui para tornar o mundo mais belo.

- Para dialogar com o grupo:

Depois de tudo o que foi dito, como defines a beleza?

Qual a tua experiência acerca do que é e do que não é a beleza?

A beleza interior expressa-se em sentimentos belos, como é a alegria de viver e a amizade.

Faz uma lista de atitudes que se podem considerar belas.

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Responsabilidade

Os dois fósforos

Num dia de estação seca, um viajante atravessava os bosques da Califórnia e os ventos sopravam fortemente.

Cansado e abatido de tanto cavalgar, pensou em fumar um cigarro. Desceu do cavalo e tirou da bolsa o cachimbo. Mas, por mais que procurasse, só encontrou no bolso dois fósforos.

Experimentou o primeiro, que não se acendeu. O viajante resmungou.

- Só faltava mais esta! Eu com uma vontade imensa de fumar e não tenho senão um fósforo. E mesmo tendo este, não tenho a certeza se também não acenderá. Haverá alguém com tão pouca sorte.

E continuou a sua reflexão:

- Contudo, suponhamos que este fósforo se acende, eu fume o meu cachimbo e depois atire as cinzas para a erva. A erva, seca como está, poderia incendiar-se e, enquanto eu procuro água para apagar o incêndio, este alastra-se pelas matas abaixo. Num instante estaria tudo em chamas. E o vento arrastaria as gulosas labaredas por todo o bosque. Estou mesmo a ver todo este bosque a arder dias e dias, as fontes a secarem, os camponeses arruinados e os seus filhos errantes pelo mundo. Sim, todo o mundo depende deste fósforo!

O viajante concluiu:

- Graças a Deus que me dei conta! Considero-me um homem responsável.

Meteu o cachimbo no bolso, guardou o fósforo e seguiu o seu caminho.

(Robert Stevenson)

A característica principal da pessoa, do ser humano, é a responsabilidade. Pois nenhum outro ser do mundo é capaz de poder entender aquilo que ele próprio é, como significativamente entende as coisas do mundo e qual é o sentido dos acontecimentos.

A palavra responsabilidade, etimologicamente, expressa com clareza o significado do conceito, aquilo que entendemos por ser responsável. É responsável aquele que responde. O ser humano pode falar, explicar e justificar os seus actos porque os realizou com liberdade.

O ser humano é responsável porque é livre. Os seres irracionais movem-se por instintos e por isso não podem ser julgados pelos seus actos. Enquanto o homem é um ser racional e livre podendo optar pelo bem ou pelo mal.

- Somos responsáveis

Cada um de nós sente que certos valores podem fazer-nos mais saudáveis, mais felizes e mais adultos. Todos nós sentimos que devemos optar pelo amor ao próximo, que devemos respeitar a vida e os bens dos outros e que devemos ser justos e verdadeiros, pois tudo isto está inscrito na nossa consciência moral.

A sociedade pode ser um obstáculo ao seguimento do que nos diz a nossa consciência. Podemos respirar uma atmosfera contaminada de egoísmo, individualismo e consumismo. Podemos ter ao lado colegas a quem podemos chamar irresponsáveis, pois enveredaram por caminhos de risco, que não levam a êxitos mas a fracassos.

Ajudados por uns e estorvados por outros, somos responsáveis pelo nosso crescimento em humanidade. Cada um de nós tem que responder por si próprio, sem encontrar desculpas. Somos responsáveis por escolher o que é bom, justo e verdadeiro.

- Responsáveis pelos outros

Além de sermos responsáveis pelo nosso crescimento em humanidade, somos também responsáveis pelos outros. Com a nossa inteligência, o nosso coração e a nossa vontade, podemos ajudar ou estorvar os outros a serem mais humanos e mais felizes.

O famoso escritor Saint-Exupéry escreveu no livro «O principezinho»: «Somos responsáveis daquilo que cativamos». Isto significa que temos não só cativar os outros com a nossa amizade, mas cultivar essa amizade com as nossas atitudes responsáveis. Podemos exercer esta responsabilidade em cada um dos ambientes onde decorre o nosso quotidiano.

Somos responsáveis pela nossa família, no trabalho e no grupo. É na vida em grupo que se revela até que ponto nos manifestamos responsáveis pelos outros, contribuindo com a nossa presença com atitudes para tornar os outros melhores e mais felizes. Responsáveis pelos outros significa, responder pela felicidade deles.

- Responsáveis pelo mundo

Responsáveis por um mundo mais justo.

Denunciam-se as injustiças e fala-se hoje muito da importância da justiça social. Por conseguinte, todas as pessoas, desde os governantes, aos empresários e aos simples cidadãos, devem ter uma consciência social bem afinada, sentindo-se interpeladas pelas injustiças sociais e motivadas para a acção em favor de uma sociedade mais justa.

- Responsáveis por um mundo mais fraterno.

Desde sempre que a humanidade não cessou de sonhar com a fraternidade universal. Mas a realidade, desde as origens, encarregou-se de afirmar que este sonho de fraternidade não é fácil de realizar.

- Responsáveis por um mundo mais habitável.

Não podemos manter-nos indiferentes à degradação que sofre a natureza. Somos responsáveis por este planeta que recebemos em herança e que iremos deixar às gerações que nos precedem. Como cidadãos que somos, temos que nos sentir cada vez mais responsáveis por um mundo mais justo, fraterno e habitável.

- Para dialogar em grupo:

Responsáveis em casa: a manutenção da casa dá muito trabalho: a comida, a roupa, a limpeza… Em família, compartilhas a responsabilidade nas tarefas domésticas?

Responsáveis no ambiente de trabalho: se sois estudantes, como podereis manifestar essa responsabilidade? E qual o perfil de um trabalhador estudante?

Responsáveis na sociedade: por que será que tantos condutores são irresponsáveis?

E que outras formas de irresponsabilidade se devem denunciar?

Responsáveis no nosso ambiente?

Na tua povoação ou bairro, as pessoas sentem-se responsáveis por uma vida de mais qualidade para todos?

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Disponibilidade

- Disponíveis, sempre

Como podemos definir este valor de disponibilidade? Os dicionários dizem mais ou menos o seguinte. «Disponibilidade é uma disposição habitual para se pôr espontaneamente ao serviço de quem esteja necessitado».

Desta definição se pode depreender que só podemos considerar «disponíveis» aquelas pessoas que «habitualmente» estão dispostas a ajudar, e não aquelas que o fazem uma vez por ano. E também aquelas que estão no serviço dos outros espontaneamente.

Estar disponível é, de facto, dizer não ao egoísmo.

Devemos ter em conta que, na construção da nossa personalidade, existe um lugar fundamental para esta atitude de não egoísmo e sim ao amor. De facto, a maturidade de uma pessoa mede-se pela capacidade de amar e servir os outros.

- Características

A primeira característica da disponibilidade é gratuitidade. Trata-se de servir os outros sem esperar nada em troca.

A segunda característica é a alegria. Esta alegria deve estar presente no momento em que se ajuda. Deve-se praticar a disponibilidade com um sorriso nos lábios, como se estar disponível fosse a coisa mais natural do mundo.

A terceira característica é a generosidade. É uma disponibilidade ou espírito de serviço sem horários.

A quarta característica é estar alerta, para ver onde podemos praticar a nossa disponibilidade, ou seja, ver onde precisam de nós.

A quinta e última característica tem como mote «faz aos outros o que gostarias que te fizessem a ti».


 

Sinceridade

A verdade

Há muitos anos existiu um rei bastante autoritário que sempre fazia o que queria, sem se importar com os sábios conselhos dos seus ministros. Mais ainda, quando algum ministro não o adulava nem repetia o que o rei queria escutar, corria o risco de perder o seu lugar.

Um dia, este rei perguntou aos seus ministros:

- Achais que eu governo este país com sabedoria?

Os ministros responderam:

- Evidentemente que sim. Sois um governante sábio.

Apenas um ministro não concordou e disse:

- Não creio que sejais tão sábio como vós julgais.

O rei perguntou:

- E porquê?

Respondeu o ministro:

- Porque nomeaste como vosso herdeiro o vosso irmão mais velho, e isso vos trará dificuldades. Não é uma acção muito inteligente.

O rei ficou muito irritado e destitui-o do seu cargo,

Dias depois, o rei perguntou de novo aos seus ministros:

- Julgais que actuei com bondade e benevolência?

Um dos ministros respondeu.

- Penso que vossa majestade é um rei bom e benevolente.

Perguntou o rei:

- E por que pensas assim?

O ministro respondeu:

- Porque os reis bons e benevolentes têm ministros fiéis e leais dizem a verdade aos seus reis, mesmo quando esta não agrada ao seu soberano, e correndo o risco de serem destituídos. Se vossa majestade não fosse bom e benevolente, não teria um ministro tão sincero e valente como aquele que demitiu há dias.

Depois de ouvir isto, o rei, profundamente impressionado, chamou de novo o seu antigo ministro e restituiu-lhe o cargo anterior.

(Conto Zen)

Os dicionários definem a sinceridade como uma qualidade, e a pessoa sincera como uma pessoa aberta que expressa aquilo que pensa ou sente, uma pessoa franca, espontânea e simples.

O contrário de sinceridade é a falsidade, a hipocrisia e a calúnia. E estes anti-valores também se podem encontrar nas pessoas e na sociedade.

- Sinceridade consigo próprio

Para uma pessoa ser sincera com os outros, é preciso que esteja em condições de ser sincera consigo própria. Isto parece fácil, se se considera que tudo isto depende de um simples acto de vontade. Mas na realidade, não é tanto assim, pois a sinceridade exige um processo de amadurecimento que se inicia na idade infantil.

A sinceridade não se resume a cada qual dizer livremente o que sente ou pensa. Cada pessoa é um mistério. É preciso criar um clima de muita confiança no grupo, para que possa acontecer comunicação de qualidade. Só num clima de confiança mútua é possível que os adolescentes partilhem o que sentem verdadeiramente. O grupo é uma escola de aprendizagem.

Não é fácil manter hoje em dia esta sinceridade, vivendo nós numa sociedade em que se utilizam facilmente máscaras para ocultar aos outros quem somos. Vivemos, de facto, numa sociedade onde conta muito aparecer com uma boa imagem, um bom visual, uma boa aparência. Se o «look» falha, é um desastre.

Apesar de todas as dificuldades, é importante aparecermos tal como somos, com transparência, sem máscaras.

- Sinceridade com os outros

A sinceridade com os outros torna possível a convivência fraterna entre as pessoas. Expressemos aos outros o que sentimos e o que pensamos, servindo-nos de palavras, gestos e silêncios. As palavras devem levar ao outro o que realmente vai no nosso íntimo, quais as nossas intenções e os nossos desejos. Os gestos, quando sinceros, são de uma grande eloquência e podem comunicar muito do que é a verdade que possuímos. E os nossos silêncios também podem ser eloquentes e revelar com sinceridade a nossa atitude de espírito.

Para que aconteça esta comunicação sincera, é preciso que se crie cada vez mais um clima de confiança. E esta vai-se conquistando dia a dia, vai-se merecendo dos outros, vai-se aprofundando cada vez mais.

No relacionamento interpessoal haverá uns que são extrovertidos, enquanto outros serão tímidos. Nestas situações, o importante é o respeito de uns pelos outros.

Os extrovertidos não devem cair na tentação da excessiva verbalização, monopolizando o discurso e caindo no monólogo exibicionista. Há sempre aquelas pessoas que gostam de ter o tempo todo para si, a fim de contarem tudo, até as coisas mais banais. Estes deverão saber escutar.

Os tímidos deverão fazer um esforço por comunicar o que sentem e pensam com toda a sinceridade. Para tal é importante que se crie no grupo um ambiente de confiança e de respeito, de forma a que ninguém tenha medo de se expressar livremente.

Não é fácil praticar a sinceridade. Há situações em que é necessária a prudência. De facto, pode acontecer que o outro não esteja preparado para saber a verdade. Por exemplo: Será oportuno dizer toda a verdade a uma pessoa que está gravemente ferida, se isso iria levá-la ao desespero?

Por conseguinte, nem sempre se pode dizer toda a verdade. Além disso, antes de abrirmos a boca, devemos reflectir acerca do modo de o fazer. E quando existe sinceridade, a outra pessoa deve perceber que o outro apenas quer o seu bem.

- Sinceridade na sociedade

Este valor de sinceridade deve praticar-se na sociedade em geral. Nem tudo é bom e os meios de comunicação social devem estar ao serviço da verdade. Nas sociedades democráticas existe a liberdade de expressão e de opinião. Todos os cidadãos podem-se manifestar publicamente das mais variadas formas legais, a fim de dizer o que para eles é a verdade, devendo-o fazer de uma maneira construtiva.

Nenhum cidadão se deve alhear dos problemas da sociedade, pois somos todos solidários e juntos podemos fazer da sua terra um lugar onde apetece habitar. Mesmo que alguma vez desiludidos com os governantes, devemos todos participar na vida pública.

A sinceridade levar-nos-á muitas vezes a denunciar o que está mal. E então levanta-se a voz para que certos problemas ecológicos sejam resolvidos, para que exista mais justiça social, para que a governação seja mais eficaz, para que haja liberdade de expressão.

A sinceridade é um valor que deve estar presente na sociedade. Um valor que está associado inevitavelmente a outros valores como a solidariedade, a tolerância, a generosidade.

Os valores humanos formam todos uma espécie de rede, estão ligados uns aos outros. De facto, onde há sinceridade, as pessoas são realmente solidárias, praticam a tolerância e são generosas umas com as outras.

E se alguns cidadãos, mesmo agindo contra a corrente, praticam estes valores, o seu exemplo levará outros cidadãos a imitá-los. De facto, enquanto as palavras, essas leva-as o vento, os bons exemplos arrastam. E todos seremos poucos no sentido de construir uma sociedade mais sincera e verdadeira. Só a verdade nos fará livres.

-Para dialogar em grupo:

Porque será que a sinceridade é um dos valores que nos ajuda a ser mais humanos?

Achais que se pode ter o mesmo grau de sinceridade com toda a gente e em toda a parte? Citai exemplos.

Se a sinceridade se pudesse medir com uma escala de 1 a 20, quantos pontos darias a ti próprio? Porquê?

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